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Neutralidade docente é possível? Veja o que Max Weber tem a nos ensinar

Durante o período de estudos sobre ciência política, do curso de Sociologia, uma das minhas indagações era sobre qual deveria ser a postura do profissional da educação em relação a política. Pois muito se especula entre o senso comum a suposta doutrinação. Afinal, ele deveria ter ou não partido? Deveria ser um ser neutro? Ou até mesmo se existiria algum código de ética orientador para o docente atuar em sala.

Os docentes assim como todos os outros seres humanos, possuem convicções, são elas produto que o meio social cultural o fez. Além de possuir conhecimento especializado de acordo com sua formacão. Com Aristóteles, vemos que o homem, é um animal político por excelência, que por natureza se organiza em sociedade, lógicamente este profissional possui ideias políticas, criando modos de ser e estar no mundo. Possuem conjuntos de ideais de Estado. Ou seja, todas as pessoas possuem idéais de como o Estado deveria funcionar, assim até mesmo aqueles que vivem em estado de negação da política, defendem um ideal de Estado.

O professor assim como qualquer outro profissional, trás consigo uma bagagem cultural, experiências de vida, hábitos, crenças, modos de interpretar a realidade, e muitos outros aspectos que modelam o ser humano no mundo ao longo de sua vida.

Encontrei uma resposta as minhas indagações em Max Weber. O autor que é considerado um dos fundadores da Sociologia em sua consolidação como campo científico de análise social, trás o conceito de Neutralidade. Neutralidade para Weber, seria um estado de maturidade intelectual, compreender os dois lados da moeda. Ele enxergava as ciências sociais como uma “vocação”, e assim sugeriu que fosse a vida de um profissional da educação, que desenvolvesse um “espírito investigativo”.

Em sala de aula, as ciências sociais, investigam o homem em suas dimensões cultural, social e política, dessa forma não necessariamente o docente deveria partidarizar os estudantes, mas investigar aspectos científicos da sociedade políticamente organizada em geral. Entender onde são aplicadas determinadas politicas, tanto de direita como de esquerda.

A partir do momento em que há agressão verbal, ou gera-se oposição e confronto, deixa se de fazer “ciência política”, torna se então um conhecimento vulgar, superficial ou senso comum, menos ciência. O cuidado que a educação promove ou deveria promover, seria o cuidado com extremismos ideológicos de direita ou esquerda, afim de garantir uma sociedade mais humana.

O bom senso nesse sentido seria um dos métodos para se analisar sistematicamente a política juntamente com os estudantes. Porém como já mencionado, não é errado o professor ter convicções políticas, pois assim o é como qualquer outro cidadão.

Cabe aos educadores a responsabilidade social e ética, de fazer e refazer sua prática educativa, pois o ambiente pedagógico é político, ou seja política e escola andam juntas. Até mesmo projetos como a escola sem partido possui partido, ou seja, nega se conhecimentos sobre a política, mas quais seriam as reais intenções da escola sem partido? Manter a sociedade sob dominação? Uma estratégia política de negação da propria política para as classes menos favorecidas economicamente?

Por outro viés ideológico, qual seria a intenção de se ensinar política para os estudantes? Seria possibilitar aos alunos a intervenção social, para formar seres participativos do processo democrático?

Sabe-se portanto que em se tratando de projetos de sociedade, a educação é a base. O professor assim atua como “representante” do Estado, formando seres mais humanos e autônomos, se não for assim as ciências de humanidades perderiam sua real necessidade nas escolas.

Portanto para finalizar, a ética científica deve manter o rigor e caráter investigativo, segundo Weber, essa seria uma postura ética, e de maturidade, quando se trata do tema política em sala de aula.

Para quem não pode enfrentar como homem o destino da época, devemos dizer; possa ele voltar silenciosamente, sem a publicidade habitual dos renegados, mais simples e quietamente. Os braços das velhas igrejas estão abertos para eles, e, afinal de contas, elas não criam dificuldades à sua volta.

Weber, “A ciência como vocação”.

Escrito por;

Professor Daniel Alves.

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Um comentário sobre “Neutralidade docente é possível? Veja o que Max Weber tem a nos ensinar

  1. Filosofia São José disse:

    Olá, creio que a abordagem pedagógica feita em sala de aula, visa o conhecimento teórico e histórico no que concerne a polícia, buscando desenvolver uma análise crítica da sociedade. O professor tem essa função. Eu como professor de filosofia, acredito que despertar nos alunos a reflexão crítica só é possível a partir da percepção da importância da política, mas se houver uma limitação de abordagens devido a convicções pessoais do professor, apenas, o processo de criticidade não se desenvolve e o objetivo não é alcançado. Parabéns pela análise.

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